As Maiores Relações do TDAH com a Genética

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é considerado uma condição altamente hereditária. Estudos de genética comportamental sugerem que entre 70% e 80% dos casos de TDAH estão relacionados a fatores genéticos, sendo um dos transtornos psiquiátricos com maior componente hereditário. Isso significa que se um membro da família tem TDAH, há uma probabilidade elevada de que outros membros possam apresentar o transtorno.

Herança Familiar

– Histórico Familiar: Pais com TDAH têm cerca de 50% de chance de transmitir o transtorno aos filhos. Além disso, irmãos de crianças com TDAH têm um risco significativamente maior de também apresentar o transtorno em comparação à população geral.

– Estudos com Gêmeos: Pesquisas com gêmeos idênticos, que compartilham 100% do material genético, mostram taxas de concordância para o TDAH entre 70% a 90%, enquanto gêmeos fraternos (que compartilham 50% do material genético) apresentam taxas muito mais baixas.

Genes Associados ao TDAH

Diversos genes estão implicados no desenvolvimento do TDAH, principalmente aqueles envolvidos na regulação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina, que desempenham papéis cruciais no funcionamento cognitivo e comportamental. Os principais genes associados incluem:

– DRD4 (Receptor de Dopamina D4): Esse gene está relacionado à regulação da dopamina no cérebro. Uma variação comum desse gene, chamada alelo de 7 repetições, está frequentemente associada a traços de impulsividade e busca por novidades, características comuns no TDAH.

– DAT1 (Transportador de Dopamina): Esse gene codifica o transportador responsável pela recaptação da dopamina nos neurônios. Alterações no DAT1 podem causar uma disfunção no sistema dopaminérgico, prejudicando a regulação da atenção e do comportamento.

– COMT (Catecol-O-Metiltransferase): Esse gene influencia a degradação da dopamina no córtex pré-frontal, região do cérebro fundamental para a atenção, a memória de trabalho e a regulação emocional. Variantes do COMT podem estar associadas a déficits nessas funções.

– SNAP25 (Proteína Associada à Sinapse): Relacionado à liberação de neurotransmissores, o SNAP25 também foi associado a sintomas de desatenção e hiperatividade.

Interação Gene-Ambiente

Embora a genética tenha um papel importante, fatores ambientais também influenciam o desenvolvimento do TDAH. Algumas interações gene-ambiente que podem aumentar o risco incluem:

– Complicações durante a gravidez: Exposição a tabaco, álcool ou substâncias tóxicas durante a gestação pode aumentar a probabilidade de o feto desenvolver TDAH, especialmente em indivíduos com predisposição genética.

– Baixo Peso ao Nascer: Fatores neonatais, como baixo peso ao nascer ou parto prematuro, têm sido associados a um risco aumentado de TDAH, principalmente em crianças geneticamente vulneráveis.

– Estresse Familiar e Social: Experiências adversas na infância, como negligência ou abuso, podem amplificar a expressão dos sintomas do TDAH em indivíduos geneticamente predispostos.

Conclusão

A genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento do TDAH, mas é a interação entre genes e ambiente que determina a manifestação e a gravidade dos sintomas. Avanços em estudos genéticos continuam a revelar novas variantes genéticas e suas funções, contribuindo para a compreensão mais detalhada do transtorno. No entanto, o diagnóstico e o tratamento devem sempre considerar a história clínica individual e o contexto ambiental, além da predisposição genética.

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